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Arquitetos: Bambutec Design
- Área: 345 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Juan Dias
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Fabricantes: Alpargatas, Poly-Urethane, Tak^^e, Take
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Pavilhão em bambu e biomaterias é uma estrutura ecológica ultraleve construída para o Serviço Social do Comércio SESC nas margens do rio Perequê-Açu, na cidade de Paraty - RJ. O Pavilhão situa-se em um campus verde de Mata Atlântica próximo ao mar e foi projetado para cobrir um amplo espaço aberto, sem paredes ou divisórias, recebendo atividades culturais e sociais. A estrutura foi planejada para imergir na vida cultural da cidade de Paraty, com suas belezas naturais, biodiversidade tropical, cultura nativa e história colonial.
O Pavilhão cobre uma área de 15x23 metros através de uma estrutura modular autoportante em bambu, membranas acrílicas tensionadas e conexões flexíveis que permitem a mobilidade das peças durante a montagem. Pórticos pré-fabricados e conexões articuladas em cabos de poliéster e biocompósitos são montados com agilidade, preservando as barras de bambu livres de esforços de torção, aumentando sua performance estrutural-mecânica. O design das conexões permite geometrias complexas de forma livre e um procedimento criativo de montagem. Modelos físicos e modelos computacionais foram desenvolvidos para a obtenção da estrutura autoportante em bambu. O projeto e a análise estrutural foram desenvolvidos através de modelos em escala, modelos numéricos e protótipos em interação.
A cobertura utiliza treliças pantográficas em bambu transportadas em formato compacto para o local de montagem e expandidas no solo até atingir sua geometria final. As treliças são revestidas por membranas acrílicas gerando painéis impermeáveis auto-tensionados. Cada módulo de treliça+membrana pesa 110kg, ou seja, 1,5kg/m². O Pavilhão pesa ao todo 2,8 toneladas, com exceção das fundações em concreto armado, correspondendo a 8kg por metro quadrado, resultando em uma estrutura extremamente leve.
A montagem não necessita de guindastes ou equipamentos de elevação pesados. A estrutura é erguida em módulos por um sistema de elevação móvel que aplica bipés articulados, polias e cabos, viabilizando um grande número de etapas de montagem no solo. A estrutura é totalmente desmontável e remontável. Sua montagem utiliza 30 dias de trabalho. O Pavilhão apresenta pouca geração de resíduos, baixo consumo de energia e mínimo impacto ambiental. O Pavilhão apresenta processos de fabricação, manutenção e pós-uso provenientes de fontes de energias limpas, gerando emissões negativas de carbono durante o ciclo de vida da arquitetura. Os biomateriais desenvolvidos são transportados embalados com modularidade e leveza.
Uma técnica inovadora foi desenvolvida para o encapsulamento do bambu protegendo o material da exposição ao tempo, preservando-o contra o ataque de fungos, umidade e insetos. O encapsulamento aplica um revestimento biocompósito de manta de algodão, terra crua, cola PVA e polímero poliuretano à base de mamona, protegendo os bambus por uma casca externa biodegradável ultra-fina. O encapsulamento é uma solução bioclimática que permite a secagem dos tubos de bambu mesmo após a sua fabricação, devido a capacidade de troca de ar por pressão diferencial, ou seja, um tratamento onde o material respira. As peças tubulares de bambu são previamente selecionadas na plantação, colhidas e tratadas por defumação, livre de preservativos químicos poluentes. A pesquisa contou com apoio da PUC-Rio, da UFMG e da FAPERJ.